quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fukushima vai encarecer programa nuclear do Brasil, diz superintendente

Usina Nuclear de Angra dos Reis no Brasil


Desastre no Japão fará país reforçar estruturas de nova usina e laboratório. Reator nuclear desenvolvido pela Marinha também custará mais ao governo.

Eduardo Carvalho

Do Globo Natureza, em São Paulo

      Os investimentos voltados para a construção de usinas nucleares e o desenvolvimento de um reator com tecnologia nacional devem ficar mais altos devido ao reforço na segurança estrutural em complexos voltados para esse tipo de matriz energética.

       Isso deve afetar a construção da usina de Angra 3, em Angra dos Reis (RJ), e do Labgene (Laboratório de Geração Núcleo Elétrico), da Marinha, que fica no complexo militar de Aramar, em Iperó (SP), onde existem testes para criar o primeiro reator nuclear 100% nacional.

       A informação foi divulgada nesta quarta-feira (25) pelo Contra-Almirante da Marinha do Brasil, Luciano Pagano Júnior, superintendente do programa nuclear da instituição. Em entrevista ao Globo Natureza, o militar afirmou que o fato foi decidido pelo governo federal após o acidente com a usina de Fukushima, no Japão, atingida em março passado por um tsunami.

       Pagano conduz as pesquisas para criar o primeiro submarino nuclear do país, feito em parceria com a França e que deverá ser concluído em 2021. Segundo ele, mesmo com o baixo risco de terremotos no Brasil, as normas ficarão mais rigorosas.

       “Vai haver um pequeno encarecimento no programa por conta das medidas de segurança adicionais, mas não será nada significativo. Nossas estruturas aguentam um tremor de 4 graus na escala Richter, o que não deve acontecer por aqui”, afirmou. O projeto já recebeu cerca de US$ 1 bilhão desde que as pesquisas iniciaram e ainda não tem orçamento fechado

Matriz limpa

         O programa nuclear da Marinha pode beneficiar no futuro usinas com tecnologia nacional. Este tipo de matriz energética ainda causa polêmica no país, devido ao temor de contaminação radioativa caso ocorra algum acidente em reatores.

         Segundo Pagano, o Brasil está apto para desenvolver esta matriz energética, mas ainda depende de investimentos e autorizações do governo federal. “No âmbito da Defesa, o programa não só terá continuidade, como já está em fase avançada”, disse o almirante.

        O Labgene, um complexo com 10 prédios, deve ficar pronto em 2014. O local será responsável pelo enriquecimento de urânio utilizado no futuro submarino militar. Pagano afirma que o reator terá proporção cem vezes menor que o das usinas de Angra dos Reis.

         Com isso, o Brasil vai entrar para o grupo restrito de países que constroem submarinos de propulsão nuclear: Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia e China.

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